Tenho consciência de que já fui maioritariamente sexual, em que apenas o meu interesse se fixava na busca do prazer, em que o meu objectivo era em dar e receber sem para isso haver sentimentos à mistura.
Também já fui sentimentalista, em que o sentimento era o que fazia mover o meu estado de espírito, a minha maneira de estar perante os outros e o sexo uma consequência disso mesmo. Da sua existência ou da sua anulação.
A ideia de que o ser feminino é movido pelo sentimento, não me parece de todo verdadeiro. Também gostamos de sexo, apenas pelo sexo, mesmo dentro de uma relação estável [ou não], onde pode existir [ou não] um sentimento.
E a ideia de que os homens são puramente sexuais, também sabemos que não é assim. Os homens também choram, também sentem. Apenas não o demonstram com a facilidade de que nós mulheres o fazemos, sem qualquer problema.
O importante é que nos sintamos bem como somos e com o que fazemos, sem magoar o próximo, independentemente da nossa posição.
E vocês, como se sentem hoje?...
Oscilo entre a vontade de te odiar e a vontade de te ter.
Entre a vontade de te explicar que ver-te é o meu ultimo desejo e a intenção de te agarrar num beijo provocador, intenso e nele sentires o tesão que me flagela a pele. Entre o empenho de riscar as memórias que tenho de ti, e a vontade de te agarrar pelos colarinhos e sentir o teu sexo tenso contra o meu corpo. Entre a vontade de me arrancar um Adeus e a vontade de te murmurar Fode-me! sem qualquer tipo de pudor.
Diz-me que não te sentes excitado entre as palavras meigas que te sussurro e as palavras grosseiras que te acendem. Diz-me que quando te telefono e provoco, não queres sentir esse mesmo deleite que te transmito ao saberes que fico embriagada apenas ao dizer-te. Diz-me que não satisfazes o teu desejo uma e outra vez, ao sentires que consolo o meu vezes sem conta enquanto te afiguro a penetrares-me com toda a excitação que te palmilha o corpo, enquanto ouves os meus gemidos do outro lado.
Tens coragem de me dizer?
Então diz-me.
Fico a espera do teu telefonema…
Sentes a brisa que te invade, essa brisa que te toca no rosto e se dilui à tua volta?
Sentes a magia que te envolve num mundo mágico, num mundo que apenas nós entrámos?
Sentes as lágrimas que brilham no teu rosto quando a lembrança te traz um sentimento de falta, de vazio, de ternura e de ausência de momentos que não voltam mais?
Sentes a música que te persegue e que te ficou no ouvido durante este tempo que passou e que te inquieta quando a sussurras baixinho?
Lembraste das gargalhadas que soltavas, das brincadeiras, dos sorrisos, dos planos que fizemos para o futuro?
Tudo se esvanece no tempo. Tu desapareceras também.
Sei que estás aqui mas nem sempre me acompanhas. Sinto-te o alento, mas depressa perco-te no horizonte. Foges e espreitas quando te procuro, mas a procura não te acha, apenas te recolhe na curva que te vira em direcção a mim, apenas te deslumbra quando tu queres, quando a tempestade passa, quando se cruzam direcções, quando um semáforo te da indicações para parar. Depois avanças, voltas a seguir em frente, mas voltas à curva e depressa cais vertiginosamente, susténs a respiração, num segundo estas novamente nos píncaros, mais um segundo e voltas à calma que te caracteriza.
Sinto-me numa montanha russa contigo.
Quando é que vai parar esta viagem?....
Preciso de um canto para te arrumar.
Para te proteger contra as tempestades, o mau tempo que se adivinha. Luto contra a maré que teima em bater forte contra as rochas, luto contra as forças que teimam em eclodir no meu peito, luto contra o inevitável que se aproxima, luto contras as mas línguas que surgem a cada esquina, luto contra a parte da vida de que me afasta de ti. O que me move é saber que um dia a paz se vai instalar em mim, quando te sentir protegido. Quando nada te poder atingir. Quando a vida acertar passo com o destino.