Domingo, 22 de Outubro de 2006

"O jantar"

Estava ansiosa por aquele momento!

Apesar de não querer parecer agitada com aquela situação a verdade é que me tinha perturbado e enquanto escolhia o traje mais apropriado para aquela ocasião senti o nervosismo a crescer de minuto para minuto.

Escolhi uma roupa sóbria mas com um ligeiro toque de sensualidade. Queria que tudo fosse perfeito naquela noite, independentemente do que iria acontecer dali para a frente.

Dirigi-me ao restaurante.

A entrada era bastante simples, com um pequeno candeeiro à entrada a iluminar uma porta de madeira bem tratada. Costumava ter uma música ambiente bastante discreta que permitiria uma conversa agradável, sem aquelas interrupções desagradáveis que acontecia em alguns locais quando a musica estava demasiado alta. Cheguei alguns minutos mais tarde em relação à hora combinada com receio de jantar sozinha pois poderia correr esse risco.

Quando entrei e desci as escadas em direcção à sala de jantar, procurei-te com o olhar e avistei-te numa mesa disposta num local discreto um pouco mais ao fundo da sala…

Sorriste ao ver-me chegar e depressa como qualquer cavalheiro levantaste-te e ajudaste-me a sentar.

O teu sorriso deixou-me enternecida e senti as pernas a tremer por baixo da mesa. Olhavas-me nos olhos e o teu olhar estava límpido, fixo em mim. Sentia-me uma adolescente, naquele momento, transmitias-me acima de tudo sinceridade e despretensão. Devolvi-te o sorriso de volta. Reparei ainda que em cima da mesa, estava o livro, o nosso livro, pois tinha-se tornado o elo de ligação entre nos, e sorri ao vê-lo.

Durante o jantar a conversa desenrolou-se normalmente, como se já nos tivéssemos conhecido à bastante mais tempo, e finalmente contaste-me um pouco da tua vida, do teu trabalho, como ficaste viúvo, a tua vida desde então, e toda a tua vivência quase me trouxe lágrimas aos olhos apenas de te estar ali a ouvir, parecia viver tudo aquilo sentindo o que terias sentido no passado, acabei a dar por mim a contar-te situações que sempre guardei e que raramente transmitia aos outros, desprendi-me aos poucos, sem me dar quase conta disso. Senti a tua atenção, afinal estavas tão curioso quanto eu, o me confessaste mais tarde, o facto de teres adiado o telefonema tinha-se tornado quase insuportável, mas tinhas tido muitas coisas a fazer, o que tinha já calculado, mas preferia acreditar que não estarias interessado realmente.

Naquele instante senti um desejo, uma vontade louca de te dar um beijo ardente bem molhado, bem arrebatado, bem sentido! …

Respirei fundo, engoli em seco!

Estava a tentar conter algo que não sabia por mais quanto tempo iria conseguir, mas parecias calmo e sereno, que nada te estaria a afectar e achei por bem, resfriar a minha vontade carnal de sentir aqueles lábios suculentos que me tinham despertado a atenção logo no primeiro dia…

Revelaste-me que sabias onde eu trabalhava e que não era apenas desde aquele dia que me conhecias, mas que só tinhas te sentido tentado a abordar-me naquele altura que me viste no centro comercial… ali tinha-te parecido o momento certo.

Aquela revelação tinha caído que nem uma bomba!

Não sei o que senti naquele momento, se surpresa por me teres dito que já me observavas à já algum tempo, se desconfiada com aquela tua atitude, sentia-me certamente confusa com o que me tinhas acabado de me contar.

Acabamos a nossa refeição silenciosamente, acho que me deste tempo para reflectir e continuarmos o nosso encontro se assim o desejasse. Perguntei-te finalmente, o porque da tua curiosidade e adiaste a resposta propositadamente, e resolvi não insistir mais naquele pormenor que preferias esconder. A dada altura pousaste a tua mão na minha, talvez um pouco em jeito de desculpa, estremeci ao sentir o teu toque, mas aquela historia fez-me resfriar aquele desejo que se tinha apoderado de mim, à momentos atrás. Senti que nada que pudesses fazer naquela altura iria alterar o meu estado de espírito e entendi que mais nada estaria ali a fazer. Sentia-me triste e tinha perdido a confiança que tinha começado a sentir, senti-me desapontada e traída.

Olhei-te nos olhos, pedi-te desculpa e abandonei o restaurante.

 Vagueei pelas ruas sem destino, senti vontade de chorar, apetecia-me estar apenas sozinha. Sentia-me traída, enganada, gostava que me tivesses explicado o porque, Tinha bastado isto, mas ate isso tinha ficado sem resposta e foi o que me fez sentir ainda pior.

Finalmente, já cansada de tanto tentar arranjar uma explicação para tudo o que se tinha passado, decidi voltar para casa e tentar dormir.

Iria tentar esquecer aqueles últimos acontecimentos e meter uma pedra sobre o assunto.

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Escrito por FlordeLis às 00:00
| Vossas memórias
19 comentários:
De Fernando a 23 de Outubro de 2006 às 10:42
Claro que não acaba por aqui... Vagueando descalça pela rua, sentindo-se enganada, a nossa heroína chega a casa com um "querido, cheguei", para rapidamente se dar conta que não há querido. Há muito tempo que não há querido, e a última experiência demonstrava isso mesmo... Enquanto olha pela janela a ver a chuva torrencial que lava as ruas da grande cidade, jura vingança...
Para os menos atentos, é agora no próxima capítulo que vai começar uma orgia de sangue e sexo. Uma mistura de Barbarella com Catwoman.
(estes comentários de segunda-feira de manhã nunca correm nada bem...)


De FlordeLis a 23 de Outubro de 2006 às 18:38
Talvez penses que sim, talvez não aconteça... o próximo episódio já está escrito, portanto quando sair verás...



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