Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2010

Conto XVI Parte

A cabeça de Pedro estava num turbilhão.

O que é que tinha acabado de acontecer? Porque é que tinha acontecido sequer? Não se poderia envolver com ninguém, não, isso não poderia acontecer. Não queria deixar ninguém entrar no seu mundo, mundo esse que tivera tanto cuidado em resguardar ao longo destes dois anos desde que veio para aquele lugar, e que pretendia que assim se mantivesse. Apenas uma pessoa sabia o que se tinha passado com ele, e que por sinal era um homem, João, o dono da tertúlia onde tinham almoçado, que se tinha revelado um verdadeiro amigo, e que já o tinha ajudado uma ou outra vez em situações mais complicadas da sua vida, e para ele chegava-lhe. Por outro lado, soube-lhe bem aquele beijo, algo que não experimentava a algum tempo, e com aquela quase estranha, que ate o nome não era verdadeiro, mas que tão bem o tinha feito falar, abrir-se com ela, pelo menos em alguns aspectos, não todos claro, pelo menos não nos mais importantes. Mas que de alguma forma se sentia impelido a faze-lo.

Eu estava apreensiva, não sabia se estava bem, se aquilo o iria assustar ainda mais, mas pela intensidade do beijo tinha percebido que também era esse o seu desejo, mas agora naquele silencio, já não tinha tanta certeza se tinha agido de uma forma aceitável, aos seus olhos. Parecia assustado com aquele meu acto, mas ao mesmo tempo curioso. Mas ainda era uma incógnita para mim. E não sabia o que pensar, nem sequer o que estaria a acontecer ao certo, mas a verdade é que tinha querido faze-lo e tinha-o feito, e agora não sabia o que lhe dizer, ou sequer o que pensar, ou ate o que fazer a seguir. Sabia sim, que me apetecia conhece-lo melhor, partilhar com ele o que o preocupava ou os segredos que parecia esconder, as suas origens, porque morava ali sozinho, porque se tinha tornado pescador e ate o que escondia aquele pano que cobria aquela tela que estava tão religiosamente reservada dos olhares alheios.

Entre o que eu queria e o que queria Pedro, haveríamos de encontrar um meio-termo e eu estava disposta a consegui-lo, apenas não sabia ate que ponto estaria Pedro receptivo às minhas investidas.


Escrito por FlordeLis às 00:00
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