Sim, eu e tu.
Os olhares trocados. O desejo que se apoderou de nós. Delírios urgentes. Abraços fogosos. Corpos que se enlaçam sem pedir aprovação. A urgência do outro que se mistura com sentimentos que não reprimimos e nem julgamos. O tesão em que nos envolvemos na urgência do beijo, do toque, do perfume dos corpos. A interacção entre o sentimento e o simples desejo da nossa união em que o balançar dos corpos se ritma em conjugação, em movimentos compassados que nos levam num êxtase em simultâneo. O teu toque que me provoca, o meu que te excita e que nos eleva a uma dimensão que só os amantes alcançam.
É assim que eu me sinto em ti e em nós.
E tu, como te sentes?
Sim.
Tenho de ti tudo o que quero. Todos os dias quando te desejo. Todos os dias quando estás. Todos os dias em que me sorris gratuitamente. Mas mesmo assim falta-nos algo. Algo que não sei o que é, mas sinto-lhe a falta. Não sei se é visível ou palpável. Se é verdadeiro ou falso. Se é nosso ou apenas meu. Mas sinto e pergunto-me repetidamente pelo que é. Pergunto-te a ti também, secretamente. Entre sorrisos e espaços desabitados que chegam sem avisar. Entre olhares que partem para um canto onde não me achas. Onde me refúgio sem chegar a uma conclusão. Onde me escondo e te encontro subtilmente a divagar sobre onde fui, cada vez que olho nos teus olhos nesse exacto momento.
E são nesses momentos que ficas retido no espaço. Sem saberes como agir. Sem saberes para onde vou.