Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010

Direcção

  

  

 

O meu GPS indica-me o meu trajecto favorito.

Mas eu já o tinha excluído. Uma vez. Várias vezes. Mas ele insiste em direccionar-me para ti, mesmo que tente banir a tua morada da sua memória. Mesmo que eu insista que não é para lá que quero ir. Mas volta a aparecer no ecrã, e eu volto a apagá-la sem resultado.

Quantas vezes mais vou ter que insistir… ?

 

 

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Escrito por FlordeLis às 15:49
| Vossas memórias
Sexta-feira, 26 de Novembro de 2010

Conto XI Parte

Dias passaram. Semanas também.

Raramente me lembrava daquele dia. A única coisa que me fazia lembrar de Pedro era o chapéu-de-chuva que ainda se encontrava no carro exactamente no mesmo sítio onde o tinha abandonado.

As minhas férias tinham finalmente chegado.

Depois de muita azáfama para que pudesse deixar tudo orientado, durante a última semana na empresa, este seria o meu primeiro dia de que teria realmente descanso, de duas semanas sem horários pré-definidos, sem pressões, sem o stress diário e objectivos para cumprir. O primeiro dia em que realmente pensaria exclusivamente em mim, e em que me deixaria deliciar a acordar um pouco mais tarde, e a tomar um banho mais relaxante e demorado. Daria-me a esse luxo já que todos os dias, o duche substituía o banho de imersão. Hoje teria finalmente esse prazer.

A manhã passou a correr e fazer almoço estava fora de questão.

O dia estava resplandecente, radioso, com uma ligeira brisa que fazia lembrar aqueles dias primaveris, diria perfeitos.

Convidava a um passeio longe da cidade, longe de tudo e de todos.

Um almoço leve, com poucas calorias seria o ideal e de preferência numa esplanada com pouca gente, iria ler um bom livro que compraria na minha livraria de eleição há vários anos, e aproveitaria os raios de sol que pareciam querer presentear-me parecendo querer comemorar comigo este primeiro dia de total languidez.

Onde me apetecia ir?...

Hum...............

E porque não?


Escrito por FlordeLis às 13:23
| Vossas memórias
Segunda-feira, 22 de Novembro de 2010

Voar...

 

 

 

 

Alicia-me na penumbra da cegueira.

Faz de mim tua refém, nos teus desvarios.

Sem receios. Sem pudores.

Como? Questionas…

Não é difícil.

Dá-te asas. Verbalizo…

 

 

 


Escrito por FlordeLis às 23:49
| Vossas memórias
Sábado, 20 de Novembro de 2010

Conto X parte

A sua voz era imponente, voz grave com um ligeiro sotaque inglês e no meio de algumas aventuras que me contou sobre as suas idas para o mar, eu sentia-me cada vez mais cativada pelo seu jeito tímido, pela forma como olhava de soslaio para mim, evitando olhar-me nos olhos, evitando um traço de simpatia mais expressivo ou até um sorriso.

Pedro encontrava-se distraído de volta da lareira.

- Tenho de ir…

- Sim, claro. Entendo.

Desejei que me tivesse pedido para ficar mais um pouco mas também sabia que não podia faze-lo, pois ainda tinha quase uma hora de caminho para fazer, e a chuva apesar de ter acalmado ainda estava bem presente e antes que piorasse novamente teria que abandonar a praia.

- Leve isto, ainda chove. Disse-me ao passar um guarda-chuva para a mão.

- Obrigada novamente por tudo. -disse-lhe antes de abrir a porta para o exterior. – Prometo devolver! Fazendo um movimento de reconhecimento ao guarda-chuva.

Esboçou pela primeira vez um sorriso. Tímido mas mesmo assim um sorriso que me enterneceu.

Fiquei com a sensação que nenhum dos dois desejou que aquele momento de despedida chegasse, mas era inevitável.

Já de regresso às dunas e à passagem que as dividia, olhei para trás e vi-o à entrada da porta a acenar-me.

Acenei de volta. Por instantes apeteceu-me voltar aquele local em breve.


Escrito por FlordeLis às 07:47
| Vossas memórias | Devaneios (2)
Segunda-feira, 15 de Novembro de 2010

Escrevo

 

 

Rabisco porque me liberto.

Porque detrás de cada letra que se transforma irradio muito do que sou, mesmo que não saibam o significado do que [te] digo, mesmo que as palavras vos pareçam desordenadas, sem nexo, sem qualquer fundamento para que as mesmas sejam ditas.

Rabisco porque sinto. Julgam que me conhecem e regozijo com isso. Gargalho silenciosamente através dessas mesmas palavras, porque através das mesmas atordoo, silencio-me, mas deixo suspensas meditações que vos levam a fantasiar.

Não busco compreensão, no que [Te] escrevo.

Apenas me solto através das palavras porque com elas o que sinto alcança vida, ganha uma forma mesmo que com nada se pareça.

Forma essa que me transforma, forma essa em que me avalio.

E [me] dou de mim.

 

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Escrito por FlordeLis às 13:12
| Vossas memórias

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