Trémulas são as palavras que tenho para te dizer, ainda abafadas mas inquietas.
Desejo proferi-las mas algo me impede. Talvez a forma como me examinas me impeça, esperando que o nosso silencio vença a minha vontade e que a tua pouca intenção de as ouvir prevaleça. Sabes o que vou dizer, apenas não tencionas saber. Censuras essas mesmas palavras para que um dia não sejam apenas uma memória, para que a minha imagem não seja apenas uma ténue lembrança do tempo. Cada minuto que passa atormenta-te e esperas que ele acabe sem que avance na história, numa crónica que um dia vai ter que ser escrita, sem puderes impedir que siga o seu percurso.
Também a mim me açoitam. Também em mim se calam.
Calam-se as palavras, sais vencedor.
Até ao dia que não consigas fugir.
Nem eu de me calar.