De repente ao ouvir aquela musica que me envolveu numa ilusão perdida no meio de toda aquela gente que se aglomerava, seguiu-se uma dança sensual protagonizada por mim. Quando me dei conta, apenas eu me movia seguida do teu olhar, a fantasia supriu a dúvida, o desprendimento trocou o nervosismo e deixei-me arrastar pela musica que me fez soltar em direcção a um lugar bem longínquo, bem longe de ti e de todos.
Cada vez que abria os olhos, lá estavas tu, agora sereno e quase que magnetizado... sorria por dentro.
Finalmente tinha a tua atenção.
Mesmo que não soubesses que era a ti que queria perturbar, mesmo que inconscientemente o meu lado sensual tenha falado mais alto, a Leonor que parecia entorpecida ou mesmo ausente por baixo de uma mascara que não era a minha, transbordava agora de um sentimento confortante, algo que já não sentia a algum tempo, a confiança tinha voltado, e de certa forma voltava a ser eu, aquela que não se importava com o pensar alheio, aquela que desfrutava o momento sem pensar no que poderiam dizer, e mesmo sem saberes que eras tu o causador de tal proeza, parecia que tinha chamado por ti, tal era a tua atenção...
A Paula sorria, adivinhei-lhe o pensamento. Reconhecia naquela noite, a amiga que conhecia há tantos anos, disse-me mais tarde.
Senti-me viva novamente, e esse sentimento fez-me despertar do meu estado de vegetação que se estendia já à algum tempo.
Obrigada “ desconhecido”, por me fazeres sentir viva, mesmo que isso nada represente para ti.
Foste apenas mais um no meio de tantos.
Apenas fizeste toda a Diferença.