Esperava-te em silêncio, tentava não olhar para o relógio segundo a segundo…
Como sempre atrasado, por mais que jurasses a pés juntos que não voltarias a repetir essa gracinha, mas parecia que te estava no sangue, não havia nunca uma desculpa concreta, apenas respostas evasivas, silêncios como objecção, intercalados com um sorriso quase inocente, que me deixava sem vontade de reclamar ou de ficar furiosa, quando tinha pensado em faze-lo nem que fosse apenas para que ficasses com a impressão que estava realmente ofendida.
Agora estava impaciente, tinhas prometido que estarias aqui para irmos jantar à meia hora atrás, e até agora nada, apenas silencio absoluto, e que eu não iria quebra-lo, não, não seria eu a telefonar se tu não o fizesses e portanto o único remédio seria esperar, ou então dar meia volta e sair…
Resolvi aguardar mais um pouco.
Tentava não pensar muito no caso, fui buscar um martini enquanto esperava, saboreando cada gole, cada momento que saboreava, os meus pensamentos centravam-se agora em qual ou quais tinham sido os motivos pelo qual me tinham levado a ficar contigo, quando o meu único interesse naquela noite, tinha sido apenas de sexo sem amarras só pelo simples prazer de uma noite centrada em gozo e luxúria.
Um encontro meio às escuras, alguns cafés combinados, deram lugar aquela noite na qual os nossos corpos deram largas à excitação que tinha crescido a cada encontro, naquela noite fria que fez perceber que não seria apenas carnal o nosso desejo, ou pelo menos não apenas por uma noite.
O tocar da campainha fez-me despertar dos pensamentos em que tinha mergulhado.
Desmancha-prazeres! Alem de atrasado agora quase à 45 minutos…
Fiz de conta que não ouvi.
Agora ias sofrer também, fiz-me de despercebida e dei meia-volta.
Que grande lata. Nem um telefonema, para avisar que ias chegar atrasado, nada rigorosamente. Devias achar que ia estar sempre assim disponível para ti, independentemente da hora que chegasses, independentemente das desculpas que poderias dar, ou não! Decidi. Tinhas que aprender, antes que fosse tarde demais, para perceberes que não seria assim, pelo menos comigo. Se estavas mal habituado, paciência.
Por mais que me doesse o que estava a fazer, terias que aprender algum dia.
Ouvi tocar mais uma vez a campainha. E mais outra vez.
De repente fez-se silencio. Já tinhas desistido, finalmente. A cada toque teu na campainha mais me ressentia do que estava a causar. Mas algum dia tinhas que levar esta lição, e foi hoje.
Resolvi sair depois de esperar alguns minutos para te dar tempo para saíres do prédio.
Ia jantar, beber um copo, enfim decididamente não iria ficar ali sozinha a pensar no que tinha acabado de acontecer.
Sim,este capitulo tera continuaçao.... e sera muito em breve! estejam atentos...
Reflicto nos nossos sonhos. Nos planos. Nas fantasias que repartíamos juntos.
As palavras extinguem-se. Os soluços silenciosos sucedem-se. Agora cessa tudo o que emanou desse imenso vazio. Desses ínfimos momentos, que foram apenas isso. Instantes. Momentos fugazes, fúteis para ti, talvez.
Dispersa. É assim que me sinto.
O chão que pisava abalou. As portas que abri voltaram a fechar-se. As cores ausentaram-se dando lugar a algo indefinido, cinzento.
As lágrimas moram presas, pois de nada vai valer a pena chorar.
Choro por dentro.
Fico à espera que passe.