
Olhava fixamente através da janela.
Uma poça de água tinha-se fixado num determinado local ali na rua mesmo em frente. Irreflectidamente mergulhava nela a minha vida.
Debruçada sob o parapeito da janela, apoiando os cotovelos na pedra de mármore fria, perdia-me no tempo, não conseguia afastar o olhar daquele charco que teimava em aumentar de tamanho. O dia, cinzento e escuro, não convidava a por um pé fora de casa. Encontrava-me naqueles dias que não nos apetece fazer nada, apenas ver o tempo passar e esperar que o dia acabasse.
Senti vontade de voltar para a cama, e esquecer os momentos amargos que me estavam a envolver em pensamentos, apetecia-me apagar esses instantes, como se nunca tivessem existido, envolvendo-me num sono profundo.
Apesar de ser uma pessoa que raramente deixa transparecer o que lhe vai na alma, quando se tratava de algo triste, naquele dia, seria inevitável, se me cruzasse com alguém. Nada me iria fazer animar, sentir-me alegre. Olhei para o espelho, vi o reflexo de alguém que não queria acreditar no que estava a ver, naquele dia pelo menos. Os cabelos apesar de curtos, estavam completamente desalinhados, dava-me um ar horrível, à volta dos olhos cercava-se uma leve sombra escura, bem visível, espelho de uma noite mal dormida, parecia que naquele momento conseguia ver todos os defeitos que não via nos outros dias, diariamente…
(já repararam que sempre que estamos tristes vemos até o que não existe…?)
Sentia-me assim. Vontade de me esconder do Mundo que havia lá fora, ou então andar nas ruas mas passar despercebida aos olhos de todos, esperar que ninguém notasse a minha existência. Afinal, não faria muito sentido sair á rua, o dia estava chuvoso, cinzento, não convidava ninguém, e sendo fim de semana, sem ter que cumprir horários, parecia-me a opção mais razoável, ficaria por ali mesmo, não convidaria ninguém para ir beber um café, não telefonaria a ninguém, não esperaria visitas, nem abriria a porta se alguém resolvesse tocar á campainha.
Estava decidido.
Nada me iria fazer mudar de ideias…
De Paulo a 13 de Janeiro de 2007 às 00:36
O passado traz-nos boas recordações mas também trás o resto.
Temos que saber suportar tudo.
O silencio não é bom conselheiro para esquecer essas magoas.
Uma musiquinha alegre iria bém :-)
Beijito e bom fim de semana.
De
FM a 13 de Janeiro de 2007 às 17:04
todos nós temos dias maus...
o melhor desses dias, é k depois tudo passa, e voltamos com um sorriso do tamanho do mundo.
BJ (call me, if you need me)
FM
De
Secreta a 15 de Janeiro de 2007 às 14:08
Um conto ... que pode sempre traduzir-se em realidade ...
Beijito.
De apenasMadalena a 15 de Janeiro de 2007 às 14:17
Momentos menos bons e bonitos todos temos...Eu, por exemplo, nos últimos tempos tenho tido vários momentos como esse teu, mas sigo em frente, porque recordar é lembrar o bom e o mau e td faz parte da nossa vida...
E depois às vezes sabe bem ficar assim, "pendurada" na janela a olhar para o vazio, sem vontade para fazer nada...Amanha será um novo dia...
Bjokas gandes
Madalena
De
baraujo a 16 de Janeiro de 2007 às 14:59
olá!
no inicio do teu poema... imaginei-me dentro do cenário q criaste... surgiam as linhas da arquitectura q me tem ocupado nestes dias... depois ao percorrer o som das tuas palavras... imaginei-me a olhar tb para um espelho...
por isso percebi o q as tuas linhas disseram...
no fim sorri... e encontrei um caminho para chegar ao pé de ti, sentar-me ao teu lado... apenas um sorriso e em silêncio estendo o café q n desejavas beber...
tudo isto somente para te dizer, q é nos dias menos bons q os verdadeiros amigos aparecem sem os chamares...
jinhos doces
Gostei da ideia de mergulhar a vida na poça de água. :)
Continua assim.
De
Vera a 17 de Janeiro de 2007 às 11:02
Todos temos dias assim... Sem vontade de sair da cama, esquecer tudo e que todos nos esqueçam...
Mas tudo passa!
Beijinhos
De
Manuel a 17 de Janeiro de 2007 às 19:23
Um conto!... Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto..
Desejo que a felicidade esteja contigo.
E deixo um beijinho.
Manuel
De
melinha a 19 de Janeiro de 2007 às 11:38
qd estamos tristes parece k nada existe à nossa volta...
gostei mto
bjinhos
De
Leminho a 19 de Janeiro de 2007 às 18:19
Regresso para sentir o prazer de te ler. Gostei das palavras.
bj
Gui
Memoriza comigo...