Sábado, 15 de Março de 2014

...

 

Chegou a hora H. - Disse-te eu em tom de brincadeira.

Aquele dia em que depois de tantos diálogos, risos, reflexões, brincadeiras e tudo à distância, sentimos que seria obrigatório e quase urgente acontecer. Tínhamos concordado que já se tornava eminente unir expressões a um rosto, vozes a um diálogo.

Embora já tivéssemos uma imagem um do outro, de uma forma mais ou menos natural senti, apesar disso, um nervoso miudinho à medida que o comboio se aproximava e por mais que me tentasse convencer de que seria um encontro perfeitamente normal, não tinha conseguido evitar mesmo nos últimos momentos este sentimento que me tinha invadido o corpo.

Pudemos desfrutar de uma tarde bastante amena, cheia de sol, com muitas confissões à mistura, longos passeios, o que aumentou de uma forma significativa a cumplicidade que já existia entre nós, e que até àquele dia tinha sido apenas através de palavras escritas, que apareciam como magia através de um ecrã, onde cada qual nas suas vidas, fantasiava à sua maneira como seria um encontro frente a frente, durante aquelas últimas semanas. Sentimos a empatia que já nos era comum, e o dia desenrolou-se normalmente.

Vou-te confessar uma coisa. Disseste-me tu por mensagem quando já dentro do comboio me preparava para seguir directa a casa.

Diz

Desejei-te cobrir-te de beijos ardentes!...Escreveste tu timidamente, após uns longos minutos de espera. Parecia estar a ver as tuas expressões a dizer-me exactamente isto. Agora sim. Por mais que a minha imaginação fosse muito criativa até aquele dia, nunca seria nada como o que observei em ti, fisicamente ali e agora tao perto.

Hum…. Eu sei.E naquele momento pisquei os olhos mentalmente soltando uma gargalhada ao ler as minhas próprias palavras, sendo alvo dos olhares dos restantes passageiros que se encontravam ali por perto, e por alguns instantes, mas de uma forma levemente propositada consegui adivinhar o que te ia no pensamento, mesmo que timidamente. O meu corpo estremeceu ligeiramente ao recordar-me.

E tu, o que é que sentiste?

O mesmo. – Sabia o que isso iria provocar em ti. E não estaria de facto a mentir, apenas seria algo normal, quando começamos a criar na expectativa daquele encontro. Convencia-me eu.

Esta conversa desenrolou-se até chegar a casa, o que durou pouco mais de meia hora, visto que a distancia que nos separava era bem diferente, desde o ponto em que nos afastamos.

Falamos amanhã?

Sim, claro!

Os meus pensamentos voavam vertiginosamente ao encontro daquele dia. Ao encontro dele. Nada tinha acontecido acidentalmente. Sabíamos ambos disso, embora nenhum de nós quisesse de facto, admitir.

Além de mais ou menos planeado mentalmente e em conjunto, tinham-se criado algumas expectativas, mais ou menos reais, outras mais ou menos fantasiadas, mas a realidade é que demos o tao ambicionado passo que já ambos tantas vezes tínhamos confessado, ter imensa vontade.

 


Escrito por FlordeLis às 13:16
| Vossas memórias
Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2014

Para ti...

 

 

Leio-te. Nas entrelinhas. Nos pontos finais. Nas reticências que substituíste nos pontos de exclamação, por medo, para que não desaparecesse. Leio-te. Leio-te no silêncio, entre as palavras que não me dizes, entre as que pretendias que fossem ditas e entre aquelas que acabas por dizer. Escrevo-te. Para que vejas aquilo que eu interpreto nos teus silêncios. Nos momentos em que não estas comigo. Assim como as lágrimas que choras no meu rosto e que não é suposto esconder de ti. Assim como os meus pensamentos voam em tua direção e não lhes percebo o seu sentido. Mesmo que por mais estranho te possa parecer. Talvez porque não seja preciso fazer sentido pensar em ti. Porque Amar não tem que ter um raciocínio logico.
Apenas me faz lembrar de ti.

 

 


Escrito por FlordeLis às 09:49
| Vossas memórias
Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014

Fonte

 

 

Secaste a minha fonte.
O único sentimento válido que tinha para te passar. O único afeto que alguém conseguiria ainda no futuro reclamar. Arrancaste de mim lágrimas de um sítio que desconhecia, mas ninguém esteve aqui para as amparar. Extraíste de mim o que de melhor teria para partilhar. Subtraíste o que floresceu não sei bem de onde, mas que senti de uma forma tao natural, tao sublime. Nesse momento fui feliz. No seguinte incapaz. Nesse momento não cabia em mim de alegria. No seguinte senti-me abandonada. Nesse momento completa. No seguinte, espezinhada.
Quem padece com isto não sou eu. Desengana-te. Eu já não tenho cura. Quem reclama de mim apenas, aquilo que tu, sim, deixaste morrer. Aquilo que o tempo também não consegue sarar. Aquilo que a chuva intensa não consegue irrigar.

 

 


Escrito por FlordeLis às 12:51
| Vossas memórias
Domingo, 22 de Dezembro de 2013

Despes-me.

Despes-me.
Despes-me de uma forma só tua. Despes-me de preconceitos. Despes-me de defeitos. Despes-me de uma forma que me sinto nua aos teus olhos. Sinto-me despida de mim, quando me sinto em ti. Não sei o que sinto quando me despes. Nem s...ei o que consegues despir. No fundo acho que tu queres apenas ver o meu embaraço. Quando me sinto assim. Quando me fazes sentir sem saber para onde caminhar e escapar desses teus olhos. Quando os teus olhos ditam e entram em sintonia com as palavras que a tua boca cala e quando os meus se envergonham e fogem dos teus para não dizer aquilo que o meu coração quer ditar.
Volto-me a vestir. E a sair daqui.

Escrito por FlordeLis às 10:06
| Vossas memórias
Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2013

Lembras-te?

Lembras-me quando não precisava do grito para me entenderes.
Lembras-me o desembaraço com que apenas uma expressão minha te dizia tudo e como o replicavas da mesma forma. Lembras-me os longos discursos que tínhamos apenas com a troca de olhares suspensos e do bater das pestanas em movimentos descoordenados mas cintilantes e que só nós entendíamos o que queriam transparecer. Lembras-me o gesto fácil com que te agradava e que lhe compreendias o sentido silenciosamente sem te denunciares. Lembras-me que na conjugação dos nossos sorrisos tudo ficava mais nítido. Mais límpido. Mais intimo. Lembras-me quando não era preciso estarmos presentes para que tudo fosse simples e nobre entre nós com a mesma naturalidade como o cheio enche o vazio. Com a mesma autenticidade com que te sorrio e tu sabes que sim mesmo sem o sentires. Assim como a porta que não vou fechar. Assim como a porta que ainda não sei se abriu.
Assim como não sei quem tu és. Assim como não faz sentido recordar-me de ti.

Escrito por FlordeLis às 00:27
| Vossas memórias

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