Não soube o que lhe dizer naquele momento e não me pareceu que ele quisesse que lhe dissesse alguma coisa, porque depois de o ter dito, simplesmente trocamos um beijo apaixonado, dois e muitos mais.
Acabei por não lhe dizer qual era a minha resposta à sua pergunta, mas havia uma concordância implícita que não precisava de ser mencionada.
Nada era preciso ser dito, apenas era bom saber que afinal não estava enganada, que havia um sentimento mútuo, mesmo que já o sentisse, mas que ele parecia negar a si mesmo e que até agora tinha feito questão de esconder apesar do que estava a vista de qualquer um.
Ficamos ali abraçados um ao outro, eu completamente aninhada nos seus braços, a combinarmos pormenores da viagem, afinal ele tinha adiado por mais um dia a sua viagem para que eu pudesse tratar de tudo, mesmo ainda sem saber nessa altura qual seria a minha resposta.
Era impressionante, as vezes com que ele me arrebatava com os seus actos, e pela positiva. Sentia-me amada, acarinhada, algo que já não sentia nem sabia o que era há muito tempo e isso fazia-me sentir segura ao seu lado, apesar das duvidas que me tinha feito sentir até à bem pouco tempo. E mais ainda depois deste convite inesperado, que se não tivesse existido, o meu dia seguinte seria diferente e o dia dele seria de viagem para bem longe dali.
- Já viste as horas? Perguntou-me.
- Já, já tinha visto. Mas o que foi?
- Tenho de ir.
- Ir para onde? Perguntei com um sorriso revelador das minhas intenções.
- Para casa, preparar o resto das coisas para levar.
- Não vás. - Disse-lhe. – Fica aqui esta noite.
- Leonor…
- Não digas nada. Fica simplesmente.
Olhaste para mim como me adivinhando os pensamentos, mas ainda resististe por mais algum tempo.
Mas sabíamos que era desejo de ambos o que estava ali a acontecer, e não havia mais como negarmos a vontade que tínhamos em partilhar o corpo um do outro, o prazer que tínhamos trocado à instantes entre beijos que se degustavam de um copo de vinho que ambos tínhamos partilhado momentos antes, entre conversas e risos, entre olhares e desejos silenciosos que se revelavam a cada toque nosso, mesmo que nao premeditado, mas que nos fazia estremecer a ambos num prazer partilhado.